Férias de Julho
Quando eu era criança, julho era o mês mais esperado do ano. Não apenas porque significava férias, mas porque significava ir ao encontro de minha avó. Ela nos esperava com o coração aberto e os braços sempre prontos a acolher. Um mês inteiro de amor nos aguardava naquela casa que parecia viver fora do tempo.
Foi ali que aprendi a bordar, entre risos, linhas coloridas e o brilho paciente dos olhos dela me guiando ponto a ponto. Foi ali também que descobri a alegria de estar em volta da mesa com a família, rindo sem pressa, partilhando histórias e sabores. Até hoje, sinto o perfume da comida que vinha da cozinha um cheiro capaz de preencher a alma antes mesmo de tocar o prato. E havia ainda os doces, as guloseimas, pequenos presentes escondidos nos armários, como se minha avó fosse cúmplice de nossa felicidade.
Mas não era só a comida que nos alimentava. Havia as histórias. Minha avó se sentava e nos transportava para os dias de sua juventude na fazenda da família. Ela falava das manhãs a cavalo, dos passeios pelos campos verdes que pareciam não ter fim, das brincadeiras com os irmãos correndo livres pelo quintal, e até da sensação de dirigir o carro da fazenda quando ainda era muito jovem. Era uma vida de encantos, marcada pela beleza da terra extensa e fértil, onde tudo parecia possível. Com ela, conheci palavras em espanhol, aprendi a gostar das artes e descobri que a beleza também se borda nos gestos simples.
Eu me sentia em outro mundo um mundo divertido, colorido, cheio de vida e afeto. E, quando chegava a hora de voltar para casa, a estrada sempre trazia comigo uma lágrima discreta que deslizava pelo rosto. Bastava olhar para trás para ter certeza: nas próximas férias, haveria mais histórias, mais aprendizados e, acima de tudo, mais amor.
Beijo
Claudia Maria Duarte Parks