Meu Pai, Entre Livros e Caminhos

Meu pai nunca foi apenas engenheiro; foi também construtor de mundos invisíveis. Não erguia apenas estruturas, mas valores. Tinha nos livros uma companhia inseparável e, deles, extraía não só conhecimento, mas uma delicadeza rara no modo de olhar a vida.

Culto e educado, ele acreditava que as palavras moldavam caráter tanto quanto as mãos moldavam obras. Foi com ele que aprendi que a ética não é um conceito abstrato, mas uma bússola silenciosa que orienta escolhas diárias. Foi ele quem me ensinou que princípios não se negociam, e que dignidade é o maior patrimônio que alguém pode deixar como herança.

Admirava o saber, a cultura, as viagens  acreditava que cada lugar visitado era também um novo capítulo de um livro sem fim. Tinha um gosto refinado, mas nunca deixou que a sofisticação se sobrepusesse à simplicidade de ser humano. Generoso, sabia partilhar, não apenas bens, mas tempo, atenção e escuta.

Acreditava que o sagrado existia, embora respeitasse também o silêncio dos que não compartilhavam da mesma fé. E possuía uma ternura discreta ao olhar os animais, como se neles reconhecesse a pureza que tantas vezes falta aos homens.

Hoje, sinto saudades do seu cuidado e da sua proteção. Quando a vida parece maior do que eu, é na lembrança que encontro abrigo. Lembro dos seus lindos olhos verdes  olhos que continuam a me proteger mesmo na distância, como faróis invisíveis que iluminam o meu caminho.

Meu pai foi, acima de tudo, um viajante da vida. Caminhou entre livros e estradas, entre princípios e afetos, entre razão e sensibilidade. E cada passo que deu deixou marcas invisíveis que, ainda hoje, guiam os meus.

Saudades...meu pai Claudio Roberto Duarte

Claudia Maria Duarte Parks